sábado, 4 de julho de 2009

As incoerências na crise hondurenha

Por Gutierres Siqueira

Todos já sabem que o então presidente Miguel Zalaya foi retirado do seu cargo por desobediência à constituição de Honduras. Zelaya desobedeceu a ordens da Suprema Corte e do Congresso e tentou usar indevidamente as Forças Armadas na tentativa de levantar uma nova Assembleia Constituinte (algo que é taxativamente proibida pelas leis desse país). Mediante a sua expulsão, o mundo todo está criticando o governo interino de Honduras. Agora, nem tudo é simples como parece. Há inúmeras incoerências sobre a crise em Honduras:

A) O nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o governo interino de Honduras, em meio aos mais perversos ditadores que ainda vivem. Que lindo falar em “democracia” na cúpula da União Africana (UA), ao lado do terrorista Muamar Kadafi, do assassino Robert Mugabe e do sanguinário Omar al-Bashir. O simpático ditador Mahmoud Ahmadinejad foi convidado, mas como é “furão de festa” acabou faltando...

B) A OEA (Organização dos Estados Americanos) estuda a expulsão de Honduras e quer a volta de Cuba (Cada uma!). Ontem, inclusive, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, iniciou uma greve de fome na sede da OEA na Venezuela para protestar contra a “instabilidade democrática” vivida naquele país. Será que a OEA nada falará sobre as 240 rádios AM e FM fechadas, nessa semana, pelo semiditador Húgo Chávez?

C) O governo diplomático de Barack Obama falou manso com os abusos e mortes no Irã e agora fala com autoridade diante da situação em Honduras. Não só Obama falou “grosso” com Honduras, mas também a própria ONU. Mas com Irã ninguém tem coragem de falar seriamente! É fácil bater em gato morto!

Hoje, o jornal “O Estado de S. Paulo” publicou um artigo escrito por Octávio Sánchez, ex-assessor do governo hondurenho (2002-2005), onde ele contesta essa história de golpe e diz que a ação militar naquele país está baseada na legalidade e na defesa da constituição.

Torço para que os militares não caiam na tentação de transgredir o “Estado de Direito” e mostrem para o mundo que em Honduras é possível uma democracia sólida!

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