segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Jovens inconformados com a mediocridade intelectual do Brasil criam revista cultural

Por Gutierres Siqueira

A revista semestral “Dicta & Contradicta” nasceu em junho de 2008 e já faz sucesso nas livrarias paulistas

Alguns jovens, com formação universitária diversa, resolveram criar um grupo de estudo filosófico. Inconformados com o pequeno espaço de estudo crítico no Brasil,Guilherme Malzoni da Motta Rabello e os seus amigos Henrique Elfes, Joel Pinheiro da Fonseca, Júlio Lemos, Luiz Felipe Estanislau do Amaral, Marcelo Consentino, Marcello Nébias Pilar, Martim Vasques da Cunha, Renato José de Moraes, Rodolfo Britto e Rodrigo Duarte Garcia passaram a se reunir e estudar primeiramente o platonismo. Daí nasceu o Instituto de Formação e Educação (IFE) em 2004. O trabalho cresceu e o grupo formou corpo, sendo que desde junho de 2008, a revista cultura-filosófica “Dicta & Contradicta” é a expressão escrita do grupo.

Guilherme Rabello, engenheiro naval formado pela Politécnica da USP é hoje o presidente do Instituto. O jornalista Martim Vasques responde pela revista. Além de um engenheiro naval e um jornalista, o Instituto conta com formados em direito, economia, administração de empresas e letras. Em comum, o fato de todos serem apaixonados pelo estudo aprofundado da filosofia e cultura ocidental. A idade também chama a atenção, pois todos estão na faixa de idade que varia entre 23 e 33 anos. A única exceção é Henrique Elfes, formado em Letras pela PUC-PR, com a idade de 50 anos.

A revista “Dicta & Contradicta” chama atenção pelo tamanho. Com mais de 200 páginas e com aspecto de livro, apresenta um conteúdo denso, porém sem academicismo. O sucesso da revista pode ser verificada na alta procura na Livraria Cultura, uma das distribuidoras do material. Rabello comemora o sucesso: “Há um ano, quando lançamos o número um, pensávamos em vender algo em torno de 500 exemplares. De cara, vendemos 1.000 nos primeiros meses e esse número está aumentando”.

Hoje a “Dicta & Contradicta” está em sua terceira edição. O quarto exemplar sairá em dezembro. Nesses primeiros números a revista já entrevistou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em uma conversa rara, falou muito de sua vida pessoal e intelectual e menos de opiniões políticas. A Dicta também entrevistou o famoso maestro Roberto Minczuk, regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira. As edições contam com grandes artigos de famosos colunistas, como o cronista português João Pereira Coutinho, o filósofo Luiz Felipe Pondé, o poeta Nelson Ronny Ascher e o filósofo conservador Olavo de Carvalho. Há também textos sobre grandes nomes, com os filósofos e jornalistas culturais Mário Ferreira dos Santos, Eric Voegelin e G. K. Cherteston.

Os jovens não definem a revista segundo ideologias. Para Rabello, sequer há um grande pensador que influencie todos os integrantes da Dicta: “Existem certamente vários interesses comuns, como por exemplo a filosofia que inicialmente nos uniu. Mas o fato é que não há uma linha coerente nas influências”. No Instituto de Formação e Educação, os membros da revista ministram cursos na área filosófica e cultural, como sobre “Literatura na Modernidade” e a “História da Felicidade”. O IFE está totalmente atrelado nos planos da Dicta, Rabello explica: “O grupo surgiu por um interesse em comum por filosofia, mas o que motivou a fundação do IFE e a publicação da Dicta foi à constatação de que havia uma carência no Brasil de instituições voltadas à formação intelectual de alto nível. Nesse sentido, a Dicta é apenas um dos passos de nosso projeto, que está totalmente centrado numa preocupação de longo prazo. Nosso objetivo é mostrar que é possível e economicamente viável criar uma instituição voltada à produção e divulgação de um pensamento sério”.

Depois do sucesso inicial da Dicta, já começou a surgir revistas parecidas no mercado. O Instituto Moreira Salles lançou nesse ano a revista “Serrote”. A “Serrote” também apresenta um conteúdo cultural denso e é em formato de livro, com várias páginas. Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Flávio Pinheiro, responsável pela “Serrote” nega que exista uma imitação da Dicta: “Alimento a ideia de uma revista de ensaios como a ‘Serrote’ há anos. Nessa área ninguém vai inventar a roda. Revistas de ensaio já existiram aqui há décadas e há inúmeros exemplos em diversos países”.

Fato é que o público brasileiro ganhou bastante com o lançamento de revistas culturais, como “Piauí”, “Dicta & Contradicta” e mais recentemente a “Serrote”, que vem preenchendo uma lacuna de jornalismo denso e bem pesquisado, algo não tão comum na cultura tupiniquim. A Dicta vai longe aos seus objetivos, já que por meio de um instituto tem planos educacionais mais amplos: “sentimos a carência de instituições que assumam a tarefa de educar nos valores básicos do ser humano e na grande cultura clássica e humanística. Esta é a lacuna que queremos suprir, não dando uma ‘buzinada’ de um instante, mas de maneira permanente”, diz assim os seus editores.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O ensino de economia no mundo pós-crise

Por Gutierres Siqueira

Como a crise econômica tende a afetar a predominância de teorias econômicas no mundo acadêmico: Uma maior presença keynesiana em detrimento do neoliberalismo

A quebra do Lehman Brothers marcou o início da crise financeira e econômica que abalou o mundo em setembro de 2008. O então quarto maior banco de investimentos especulava com 600 bilhões de ativos financeiros, que eram baseados somente em 15 bilhões de capital próprio. O negociante principal do banco era o Tesouro americano no mercado de ações mobiliárias. Com os prejuízos advindos da crise dos subprimes das hipotecas, a instituição pediu concordata.

A crise das hipotecas começou em 1993. O presidente democrata Bill Clinton, em busca de popularidade e votos do eleitorado negro e hispânico, afrouxou as regras de empréstimos imobiliários voltados às pessoas de baixa renda. Os bancos, como o Lehman Brothers começaram a fazer empréstimos para quem não poderia pagar. Bill Clinton, também, em 1999 revogou a lei Glass-Steagall Act, que proibia bancos comerciais de fazer operações de alto risco, que eram já bem presentes nos bancos de investimento.

No governo republicano de George W. Bush, o déficit americano aumentou bastante para a sustentação de duas frentes militares no Oriente Médio. Além disso, Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve (FED, o banco central americano) baixou os juros de 6% em 2001, para 1% em 2003, mantendo-os baixos todos esses anos. Com os juros baixos, os americanos compraram demasiadamente, impulsionando um excepcional crescimento no mundo todo, ao mesmo tempo em que aumentava o nível de endividamento das famílias.

Ou seja, muitos foram os fatores que contribuíram para a crise. Esquerdistas em todo o planeta profetizavam a queda do capitalismo e diziam que a concordada do Lehman Brothers equivalia para a economia de mercado, o que a queda do muro de Berlim simbolizou para a derrocada socialista. Estes mesmos opositores em suas diversas correntes e social-democratas não demoraram em acusar o liberalismo pela grande crise, pois segundo eles a falta de regulação dos mercados é a gênese da anarquia financeira. Os liberais, em contrapartida, acusam como irresponsáveis as intervenções dos governos via Banco Central e os incentivos a compra de casa como elementos decisivos na gravidade dessa crise.

Os governos reagiram à crise invocando o economista John Maynard Keynes. Com os Estados Unidos a frente, impulsionando a locomotiva do keynesianismo, a economia mundial passou a receber mais investimentos estatais em infraestrutura, entre outros gastos não permanentes. Europa, China e outros emergentes seguiram a linhas dos investimentos estatais. O Brasil também invocou Keynes, mas aproveitou para aumentar os gastos permanentes, como o aumento do funcionalismo público.

A teoria econômica que mostrou mais força no mundo pós-crise certamente é o keynesianismo. Até mesmo a Universidade da Califórnia, berço de neoliberalismo de Milton Friedman começou recentemente a promover debates sobre a crise econômica, abordando várias teorias. Alguns economistas keynesianos, como Joseph E. Stiglitz ganharam mais espaço no noticiário e nas faculdades. Para Paul Krugman, economista ganhador do Prêmio Nobel de 2008 e articulista do jornal The New York Times, Keynes ganhou maior importância: “Keynes é ainda mais importante agora do que o foi há 50 anos. Não sei se os economistas, em geral, se tornarão keynesianos de novo, mas passei a levar muito a sério as questões de tipo keynesiano, se assim se pode dizer. É claro que Lord Keynes não era um profeta sagrado. Ele pode ter colocado as perguntas certas, mas cabe a você, sempre, ter de encontrar as suas próprias respostas”.

Há quem não considere a existência de um novo paradigma econômico nas universidades. Para o professor Vinícius Carrasco, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), “só uma há teoria econômica, aquele que é ensinada em todas as escolas de economia do mundo”. O professor Luis Henrique Braido, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), o importante é consolidar o que já vem sendo ensinado, pois a economia é uma ciência baseado no método científico: “A abordagem desses temas baseia-se no método científico, que enaltece a dedução lógica formal e o confronto de suas conclusões com fatos observáveis. A utilização desse método permitiu à civilização ocidental alcançar notável progresso tecnológico nos últimos séculos”.

O complexo de luta contra o neoliberalismo

Algumas escolas de economia, como a Universidade de Bolonha (Espanha) estão mudando o seu currículo, pois acreditam que a economia neoclássica influencia negativamente no comportamento especulativo irresponsável, criando a gênese de bolhas e novas crises. Para os professores portugueses Fernando Alexandre e Pedro Bação, isso é um exagero, pois mudanças drásticas no currículo são fruto de um pensamento equivocado, que mostra universidade acreditando em alunos “tábuas rasas”, que absorveriam de modo acrítico o ensino: “esta visão tem na sua origem a ideia de que o ensino superior tem a capacidade de criar ‘homens novos’ com as características desejadas pelos seus criadores, desde que estes lhes ensinem os comportamentos corretos. Pensamos que a história recente já contrariou de forma clara a hipótese de que é possível controlar a natureza humana pela educação”. Portanto, segundo esse teóricos, não é necessário o abandono do ensino liberal nas universidades, pois ele não é culpado pela crise.

Para o historiador britânico Tony Judt, em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, o neoliberalismo perderá espaço e acabará a sua hegemonia. Acusado de fomentador da crise econômica, a economia ortodoxa verá mais defensores de intervenção estatal: “Creio que, nos próximos dez anos, veremos uma renovação das discussões de políticas públicas que aceitam descrever temas sociais e iniciativas de governo sob perspectivas mais amplas, mais éticas ou políticas, se quiser. O que acontece agora nos EUA, o debate sobre o sistema de saúde, talvez seja uma das últimas consequências da onda economicista”.

Apesar dessa possível derrocado do neoliberalismo, o sociólogo sueco Göran Therborn não acredita em uma resposta antiliberal: “A crise significa a morte do neoliberalismo, como a crise dos anos 30 foi a morte do liberalismo, mas isso não significa que ele não possa ressuscitar. Até agora, não há alternativa abrangente”. Enquanto isso, o economista da Universidade da Califórnia, Gary Becker, acredita que o mundo pós-crise ainda será liberal: “Os princípios fundamentais da liberdade de mercado, que foi o que trouxe a cultura ocidental até este estágio de desenvolvimento, vão permanecer inabaláveis”.

Fato é que as faculdades de economia continuarão em suas tendências, sejam elas mais liberalizantes ou estatizantes. A crise econômica provocou maiores debates, mas sem necessariamente mudanças estruturais nos cursos acadêmicos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

É assim tão grande o sacrifício?


Por Dalton L. C. de Almeida


“A raça humana está prestes a ser extinta. Restam-nos 50 mil pessoas, e só. Agora, se nós vamos sobreviver como espécie. Precisamos sair logo daqui e começar a ter bebês".


Está foi a frase da recém empossada presidente Roslim, a mais nova executiva da imensa civilização dos Coloniais, outrora dona de 12 planetas (colônias) e composta de bilhões de eleitores, repentinamente mortos ou morrendo sobre um pesado e eficiente ataque nuclear inimigo, que de uma vez só, em apenas algumas horas, apresentou à humanidade o extermínio como única saída, além é claro, da fuga.

Esta triste fala (tremendamente) bem interpretada, é apenas uma parte dos muitos outros problemas que seriam enfrentados pelos coloniais na mini-série Battlestar Galactica (2004 - posteriormente estendida em mais quatro temporadas), agora reduzidos a um povo sem casa, espremido em um punhado de naves e sem condições mínimas de sobreviver, quem dirá, trazer com conforto e segurança ao “mundo”, delicados e rechonchudos rebentos.
Em situação pior encontravam-se os personagens de “Filhos da Esperança” (2006), que gozavam da experiência de viver em um mundo ensandecido pela própria falta de expectativa, onde a inexplicável infertilidade de todas as mulheres do planeta congelou as perspectivas de futuro da humanidade e gradualmente destruiu o que chamamos de civilização. Mas resta uma esperança... assista ao filme!


E o que 50 mil almas enlatadas no espaço têm haver com milhões de almas presas em um planeta azul de nome Terra, coberto por seres humanos estéreis e que aguardam “pacientemente” o ocaso da humanidade se aproximar, minuto a minuto, nos dentes polidos e impiedosos do tempo?

A necessidade de bebês! Óbvio (sequer tentei esconder isso de você caro leitor)
E o que estes quadros desagradáveis têm haver com nosso tempo? Em época de países super povoados, campanhas de controle de natalidade e da moda do filho único?

Tudo!E a Folha de S. Paulo de ontem (6/09/2009), em sua matéria “
Brasil fez em décadas o que a Europa levou séculos para fazer” arranha a superfície de um problema, já há muito entre nós, e do qual gostaria de tratar brevemente.

A notícia cita o mais novo dado de natalidade por mulher no Brasil, que alcançou a média de 2,1 e também explicita o impacto disso, ao explicar com didática o Modelo de Transição Demográfica (MTD), proposto em 1929 por Warren Thompson, e que prevê com desagradável precisão as “fases” das dinâmicas de crescimento populacional em um país, quando diretamente relacionadas com seu status econômico.

De qualquer forma o que interessa é que o Brasil se igualou a Europa. Bom não é?
Agora só falta que nos igualemos a todo o amplo espectro de assuntos que fazem da Europa um local invejável. Seja nos âmbitos culturais, tecnológicos e sociais, pois no aspecto da falta de visão de futuro ancorada na mais simples, embora não menos importante unidade social, a família, eles optaram por falhar estupidamente. E condenar seu próprio futuro... ou melhor... o nosso também, pois cegamente seguimos o exemplo. Então, se é para desaparecermos, precisamos a partir de agora nos esforçar, para deixar vestígios arqueológicos exemplares, afinal os atuais são uma verdadeira vergonha.

Entendeu? Não? Pois então continue...

A Folha de S. Paulo, informa que nos encontramos na fase 3, configurada basicamente pela redução nas taxas de fecundidade, explicadas por diversos fatores, em especial pela urbanização, que retira a utilidade prática de crianças no dia a dia, pois não são mais úteis para trabalhos como carregar lenha e água para a família e nem como salvaguardas na velhice, visto que os pais têm acesso a sistemas de previdência. De forma que alimentar, vestir, cuidar, educar entre outros muitos e nada baratos gastos, torna-se um investimento nem um pouco atrativo.

Até este ponto a Folha foi muito política e avançou a explicação ao próximo passo/fase brindando o leitor com a perspectiva nada animadora de um cenário onde a população não só para de crescer, como começa a diminuir, ceifada pelo tempo, e o país é “invadido”, pela mão de obra importada, vulgo imigrantes, que causam uma série de problemas sociais, o mais famoso deles a xenofobia, por parte da velharada encarquilhada e desdentada que ainda vivente e da juventude inexpressiva e irrelevante para a manutenção de uma população “pura” e “original” de locais.

O que faltou a Folha? Simples. Dar uma solução ao problema. E por que não o fez? Também simples. Vai contra a dinâmica atual de mundo, que prega o “EU, Eu mesmo e Eu ainda mais porque a Irene custa!”

A verdade é que o egoísmo e falta de bom senso social em escala individual, está levando o Brasil e todo o Ocidente a um erro que a andropausa, menopausa e envelhecimento dos óvulos femininos com a idade, tornarão impossível de corrigir na última hora. O ocidente está cometendo, no pior de sua tradição, um auto-holocausto.

No passado tinham-se muitos filhos por suas utilidades na vida diária, seja no campo, seja nas cidades (ainda não muito urbanizadas) e porque a morte de crianças era algo comum. Ou seja, se garantia na quantidade de filhos a força de trabalho e a seguridade da velhice em um intuitivo jogo contra as probabilidades.

Com a urbanização, avanços da tecnologia, saúde e a elevação do “EU em prazer” ao pedestal do sacrossanto objetivo da vida ocidental, os filhos tornaram-se adornos ou simplesmente o componente final de uma longa lista de requisitos que variam desde objetivos profissionais femininos e masculinos, concentração de riqueza e bens, até o aproveitamento de prazeres que responsabilidades como as crianças, tornariam um risco elevado demais. (pára-quedismo esporadicamente ou não, é um exemplo).

Como último detalhe de uma longa tabela de realizações pessoais, estes “objetivos” de alto custo, tendem a ser incorporados a dinâmica familiar da forma menos impactante possível. Em miúdos, no menor nível possível, sendo zero um número válido. E que não obrigue os pais a uma redução de seu nível de conforto tão merecidamente conquistado.

Assim quando adicionadas ao núcleo familiar, tal criança, quando em lares com posses em grau significativo, tende há ter seu tempo e sua vida inundados com tudo do “bom e do melhor”.
Obviamente que podemos analisar a super fartura de opções ao(s) rebento(s) por dois ângulos distintos e que não são excludentes. Os altos gastos são a forma de providenciar a melhor educação, conforto e qualidade possíveis para um futuro e produtivo membro da sociedade e também podem ser, ao mesmo tempo ou não, a nova vitrine de ostentação, pois ter dois “carros do ano” iguais para mostrar para os amigos é idiotice,então, porque não declamar por minutos a fio toda a miríade de investimentos culturais, esportivos, técnicos e supérfluos dados ao filhote?

E ai está o ponto crucial do suicídio social do ocidente. A pequena quantidade de filhos. Principalmente nas famílias mais abastadas.

Em resumo, não é necessário ser o “Ás” da matemática para chegar ao cálculo de que se cada dois seres humanos, que formam um casal, produzem apenas um filho. A quantidade de pessoas a ter que bancar o sistema de um país através de impostos e trabalho no futuro, cai pela metade. Se tiverem dois filhos, praticamente a média máxima (e que obviamente não corresponde necessariamente as famílias de maior renda), a população jovem ficará em paridade temporária com a população economicamente ativa. E assim só continuará se todos os velhos atuais caírem mortos, antes que seus pais, tornem-se os próximos responsáveis por pressionar os sistemas de saúde e previdência.

O futuro do ocidente europeu, se delineou há muito tempo, e o europeu preferiu viver a vida dele, dar do melhor a seus filhos únicos e dar de ombros com a perspectiva de que seu filho teria de trabalhar muito mais que ele para manter a máquina de seu país funcionando. Tudo isso, claro, para que ele pudesse desfrutar do máximo que a vida pode lhe dar de prazer e seu filho pudesse ter o máximo que ele pode dar.

O futuro do Brasil seguirá o mesmo rumo, mas ele será pior, pois nossa infra-estrutura previdenciária é menos forte,nosso mais é mais corrupto e nossas diferenças sociais mais profundas.

Hoje a Europa envelhece e paulatinamente é substituída por populações de países pobres e que não tem a preocupação doentia pelo prazer e pelo melhor. E sim que não fazem controle de natalidade por motivos culturais ou porque preferem ter muitos filhos a apenas um “supermimado”.

O brasileiro hoje, em especial com condições, deveria pensar de forma menos egoísta e simplista, tendo tantos filhos quanto suas condições econômicas permitem, dando-lhes uma educação descente e digna, saúde, diversão de qualidade e tudo sem desperdício. Pois uma criança não precisa do último "Max Steel Cromado com LED e que grita” para ter um desenvolvimento cognitivo positivo. Precisa é de pais que estejam minimante presentes, amigos, jogos educativos e brinquedos dos mais simples e baratos. Tornando-se na maturidade, junto a seus muitos irmãos, o produtivo ser humano que a sociedade tanto precisa e que irá garantir seu progresso.

Infelizmente na sanha de dar “do melhor” aos rebentos, por motivos muitas vezes dúbios, o ocidental esquece que sua história como civilização não foi montada baseada sempre na obtenção máxima de prazer pessoal, e sim, na maioria das vezes, baseada na doação a comunidade e ao futuro dela. Filhos educados e saudáveis são o futuro de um país e a manutenção de uma herança de gerações, que muitas vezes optaram por não "viajar a passeio" para que os filhos pudessem estudar e que não tinham como valor, não ter filhos, interrompendo suas “dinastias” apenas para portar e ostentar coisas como uma foto no Orkut, como prova de ter ido a algum ponto turístico de alcance monetariamente dispendioso.
Basicamente, o futuro e sua manutenção se dará pela lógica em desuso, do sacrifício em nível pessoal, que hoje nem é assim tão doloroso , visando o bem da maioria, pelo simples ato de "doação" de bons e muitos filhos a sociedade. E quem sabe, daqui 60 ou 70 anos, posamos dar do “bom e do melhor” para não um, mas para tantos filhos quantos a nação tiver, sem prejuízo ao seu presente e a seu futuro. Alcançando o vitorioso patamar que os Europeus chegaram tão perto e que os "Coloniais" e a "humanidade estéril" das obras de ficção citadas sequer tem perspectivas de alcançar.