terça-feira, 28 de julho de 2009

Os malditos vícios

Por: Dalton L. C. de Almeida

Se há uma coisa que o cérebro humano é eficiente em criar como subproduto de toda a sua, até o momento, quase incomensurável complexidade e que desafia diariamente milhares e milhares de cientistas por todo o mundo a entender seus processos bioelétricos em lóbulos, áreas, zonas, campos e reentrâncias, são os vícios.
A diversidade de vícios é também mais surpreendente do que a maioria pode imaginar. Existindo vícios em álcool, tabaco, glicose (leia-se doces), massas, substâncias ilegais como heroína, crack, maconha, ecstasy, lança-perfume, cocaína entre outros.
A sociedade indubitavelmente tem uma parcela de culpa e responsabilidade para com os viciados.
Nos jovens drogados pela sua falta de pulso, inapetência educacional, oferecimento de um ambiente libertino e/ou de afeto e religiosidade duvidosos, quando não apenas ausentes ou equivocados.
No caso do obesos, salvo vítimas de deficiências metabólicas congênitas ou hereditárias, pela permissividade de sua legislação e acrítica frente as empresas produtoras de “alimento”, que conscientemente ou não, transformaram o ato de se alimentar no “Éden eterno” de prazer e realização em um mundo estressante, individualista e demasiadamente dinâmico. Onde impera o fast-food, os biscoitos de chocolate entupidos de gordura hidrogenada, salgadinhos hiper-calóricos repletos de sal e conservantes. Entre outras maravilhas ao palato que transitam de gelados milk shakes as quentes e suculentas frituras e pedaços de picanha na brasa.
Também existem os alcoólatras e fumantes, vitimados pela sua falta de bom senso e/ou espírito crítico e/ou tendências biológicas entre outros, que se deixaram viciar em drogas legalizadas ao se levarem pela propaganda de empresas e do boca-a-boca, trocando seu dinheiro e qualidade de vida, pelo status estúpido de dependente de um produto que além de um prazer rápido, só lhe trará na melhor das hipóteses prejuízo financeiro e na pior, uma imensa lista de mágoas, sofrimentos, danos e arrependimentos.
Mas além dos vícios aparentes nos quilos extras, overdoses acidentais e vexames sociais, existe um cepa obscura, aparentemente inócua e que se desenvolve na calada da noite, nos agarrando sem que percebamos e muitas vezes causando danos terríveis. Estes são os vícios intelectuais.
Se compreender o funcionamento do cérebro e seu sistema de recompensa já é difícil, em questões de vícios em substâncias com potencial psicoativo, que bem ou mal nos proporcionam prazer físico, como será que se explica um vício intelectual?
Bom, existe uma grande diversidade deles. Sendo os mais famosos e também hilários:
- A síndrome de “São Tomé” – Uma tendência patológica de desconfiança em tudo e em todos, que quando moderada é importante para policiais, juízes e jornalistas, mas que se torna danosa ao alcançar picos de exagero, quando frente a provas, teorias embasadas, cálculos matemáticos e apresentação de evidências. Resume tudo a “intrigas da oposição”, “conspirações” e ou em casos extremos, a ação efetiva do Demônio ou de homenzinhos verdes.

- A síndrome do “Ducontra” – Uma tendência mais irritante do que patológica, em que o individuo discorda de absolutamente todas as defesas que ouve a respeito dos mais diversos assuntos, crente de que conhece respostas para tudo, na maioria assustadora das vezes baseando se só e puramente em achismos profundos como uma poça, que jamais caem ou secam, mesmo frente às argumentações mais racionais, embasadas e pacientes.

- A síndrome da pré-negativa literária – Uma patologia cruel para os amantes ou meros interessados em leitura ou literatura em que a pessoa doente sofre de uma sistemática necessidade de negar indicações de livros ou a existência e importância dos mesmos, com o argumento “odeio ler”, “isso não serve pra nada” e “pra que iria perder meu tempo com isso”, e se não bastasse desfaz, zomba e socialmente taxa de nerd quem gosta de ler, acreditando do alto de sua ignorância que todos já nascem com todo o conhecimento relevante de mundo em suas cabeças, necessitando apenas que de vez em quando se atualizem em algum programa humorístico da Globo.

- O vício de linguagem – Este é o mais preocupante e subdividido, possuindo cepas específicas que impregnam grupos sociais, classes, tribos jovens e ramos ideológicos. Seu poder de destruição é diretamente proporcional a importância que o discurso oral tem para o individuo contaminado. Os mais famosos são:

- Tipo assim = Comum em jovens patricinhas e jovens descolados de classe média alta independente de gênero;
- Cara = termo já transformado em padrão por grande parte da população que substitui o tradicional “individuo”. Ainda que dê um “que” de meliante ao terceiro indicado em um história ou causo sendo contado a um quarto ser humano;
- Só = Quase exclusividade de consumidores sistemáticos da planta Cannabis, vulgo maconheiros. Substituição universal para quase todas as expressões e colocações críticas, intelectuais, emocionais e de manutenção do canal de comunicação. O dicionário Houaiss tornou-se ultrapassado para seus usuários, seja por falta de necessidade prática, seja por situação de incapacidade ou lesão cerebral avançada.
- Né = considerado um dos piores vícios de linguagem, exatamente por ter escapado de seu original grupo de afetados, a comunidade japonesa recém ou mal adaptada ao português corrente. Configura-se em além de ser uma expressão de afirmação interrogativa, um som ou expressão inconsciente para a manutenção do canal de comunicação aberto, substituindo expressões como “huuum”, “então”, e “ahhh”. Tem impacto direto na seriedade do assunto tratado pelo usuário,sendo cruel, pois este não percebe a utilização do termo.

Enfim, o que explica um vício?
Basicamente a falta de policiamento social e individual de todas as pessoas, sua confiança demasiada em si mesmas (levar-se a sério demais), a falta de preocupação com o próximo e de compreender que o mundo e nossas responsabilidades não terminam só e simplesmente no limite de nossos interesses.
Talvez seja difícil e por vezes ingrata a tarefa, mas atentar uma pessoa aos riscos de ela estar a enveredar pelo caminho da dependência alcoólica por tomar muitas e repetidas doses de bebidas alcoólicas nos Happy Hour’s da empresa, avisá-la dos perigos de que saia com companhias com históricos negativos, de ser adepta de ideologias ou estilos de vida que focam-se na busca por prazer acima de tudo, entre outra miríade de possibilidades. Pode ser ingrato, para alguns ingerente, mas é uma atitude que se espera, pelo menos entre amigos.
E será a mesma atitude que irá criticar/avisar sobre vícios intelectuais, gerados muitas vezes por desatenção ou falta de pensamento crítico, colaborando no aperfeiçoamento dos indivíduos e indiretamente de toda a sociedade.
O texto acima pode parecer por vezes irônico e bem humorado, o que é proposital, mas a mensagem é que vícios são muitos e diversos, mas na maioria das esferas há formas da sociedade e dos indivíduos ajudarem-se em maior ou menor escala.
Eu pessoalmente agradeço a minha irmã, que identificou esses dias um vício de linguagem que nem percebi que possuía.... e que é relativamente novo, pelo menos até onde pude verificar..... o vicio do “Né” ...está sendo uma recuperação complicada, pois ele é usado na manutenção do canal de comunicação aberto, em geral quando estou preparando o resto de uma vocalização mais complexa. Acredito que talvez ele tenha ocorrido em minha última entrevista de estágio mal fadada, mas não percebi, se ocorreu, pode ter sido um real elemento negativo e que quem sabe gerou minha "eliminação".
Felizmente tenho quem me policie quando meu inconsciente está distraído. E você, tem? Se não, arranje alguém, pois a busca do aperfeiçoamento é um serviço individual, mas não necessariamente solitário. E ninguém é perfeito... pelo menos nenhum humano desde Cristo!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

40 anos de homem na Lua!

Por: Dalton Almeida

Na ressaca das comemorações dos 40 anos da chegada do homem a Lua, o bem humorado blog de um colega me convidou para um Podcast, lá dou meu parecer para a pergunta que nunca cala "O Homem pisou ou não na Lua?".

O som da ligação infelizemente não ficou muito claro, mas fazer o que.... serviço da Telefônica é mesmo essa tristeza.

Acessem o link abaixo:

http://magnando.blogspot.com/

E ouçam a postagem de hoje.

Abraços

A irracionalidade tragicômica

Por: Dalton L. C. de Almeida

Como definir um sentimento? Há séculos a ciência, a religião e o senso comum batalham para encontrar respostas que esclareçam a nós humanos por que e para que, a alegria, a raiva e a tristeza, entre tantos outros sentimentos existem. No teatro grego estes viraram máscaras e em nossa sociedade, por vezes, tabus.
O curta metragem Amor! de José Roberto Torero discorre exatamente sobre este sentimento por vezes considerado comum, mas que foi responsável por grandes acontecimentos na história, desde a queda de Tróia, iniciada pelo amor do príncipe Páris por Helena a até o grande sacrifício de Cristo voltado a obter a comunhão e salvação da humanidade.
O amor no curta de Torero, ao contrário da imensa gama de possibilidades de ângulos de abordagem, inclusive os grandes exemplos citados anteriormente, não se foca em um exemplar caso envolvendo personagens conhecidos ou poderosos. Pelo contrário, volta-se as histórias de amor que podem ser consideradas banais, por um grande público em geral esquecido, que a vida fora da ficção pode ser bela, exatamente devido a sua simplicidade, paradoxalmente rica e profunda.
Amor! ao seu modo, busca através da história de vida do casal Apolo e Diana, permeada por rápidas histórias de amor inusitadas, como a de um padre e uma atriz pornô e por definições técnicas do que é este sentimento, por especialistas como cientistas e até uma alcoviteira, mostrar a imensa riqueza e por vezes irracionalidade tragicômica, de um sentimento que a grande maioria das pessoas busca e idealiza.
Arrancando muitos risos ao mesmo tempo em que leva o público a pensar, Amor! agarra os espectadores e os seduz, apresentando-lhes um ângulo diferente do que no geral é considerado um sentimento positivo. E deixando-o com a seguinte pergunta: Será mesmo o amor tão belo? Cabe ao espectador, se conseguir, dinamitar por si, o tabu da “positividade” intocável de tal sentimento. Conseguirá?

sábado, 18 de julho de 2009

Correa e as Farc

Leia essa notícia divulgada nessa sexta pela agência Reuters. Comentário no final.

Líder das Farc revela apoio econômico a Correa

BOGOTÁ/QUITO (Reuters) - Um comandante militar das Farc afirmou que o maior grupo guerrilheiro colombiano colocou dinheiro na campanha do presidente do Equador, Rafael Correa, segundo um vídeo em que aparece o líder rebelde e cuja existência foi confirmada nesta sexta-feira pelo Ministério Público.

O governo equatoriano reagiu poucas horas depois negando qualquer tipo de vínculo com a organização guerrilheira e exigiu da Colômbia a demonstração da veracidade da fita, acusando-a de organizar uma ofensiva política contra o Equador.

"O governo do presidente Correa não tem relação e nem recebeu investimentos das Farc", disse o ministro de Segurança Interna e Externa, Miguel Carvajal, em nota no site da Presidência na Internet.

"É uma campanha midíatica, não é nova (...) É parte de uma ofensiva política contra o país", acrescentou Carvajal à rádio Quito.

No vídeo, exibido por canais de TV, Jorge Briceño, o "Mono Jojoy", fala num acampamento para um grupo de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A fita de vídeo foi obtida no apartamento de uma guerrilheira detida há alguns meses em Bogotá.

Briceño afirma que houve "ajuda em dólares à campanha de Correa e conversas posteriores com seus enviados, incluindo alguns acordos, segundo documentos" em poder do grupo.

O porta-voz do Ministério Público disse que o vídeo está com a polícia judicial.

Os governos de Quito e Bogotá se enfrentaram nas últimas semanas em um novo capítulo de acusações mútuas, após um juiz ordenar a prisão do ex-ministro da Defesa colombiano, Manuel Santos, por ter liderado uma operação militar contra as Farc em território equatoriano.

Comentário:

Por Gutierres Siqueira

Correa é ligado ao Forúm de São Paulo, uma organização esquerdista latino-americana que reúne os partidos socialistas dessa região, incluindo as Farc. Como ele pode negar um vínculo com esse grupo terrorista? Não só ele, mas Chávez e Evo Morales são também fortemente ligados as Farc. Isso já foi mostrado pelo governo colombiano. A ideológica e vergonhosa diplomacia do governo Lula, que é ligada ao Forúm de São Paulo, ainda hoje não considera as Farc um grupo terrorista.

A morte da contestação

Por Gutierres Siqueira

Fiquei pasmo quando li que a UNE do Maranhão está apoiando o Sarney. Isso é o fim dos tempos. Estudantes “revolucionários” apoiando o oligarca bigodudo que ama o coronelismo e o fisiologismo? Estudantes “revolucionários” apoiando a Petrobrás, uma multinacional do petróleo? Hehehe é mesmo o fim! Não se faz mais comunista como antigamente! Aliás, os comunistas nunca foram coerentes mesmo!

Vocês viram o Lula abraçando o Collor? Viram o Lula agradecendo o apóio de Renan Calheiros (o coronel alagoano)? Meu Deus, em breve aparecerá o anticristo! Rsrs O apocalipse chegou! Lula apóia os dois maiores coronéis desse país, que é Sarney (dono do Amapá e do Maranhão) e Renan (dono de Alagoas). Por coincidência são os Estados mais miseráveis desse país.

Isso tudo representa a morte da contestação. Um Estado que ama o jeitinho, unindo inclusive os maiores inimigos de décadas passadas. Lula é aético, ele não sabe discernir entre o certo e o errado, entre a moral e o imoral, para ele tudo é igual! A UNE é a mesma coisa. Ama suas ideologias esquerdistas e quando a esquerda rouba logo falam que os fatos são invenção da imprensa “golpista”.

domingo, 12 de julho de 2009

Há, há, há... O continente da piada pronta!

Por Gutierres Siqueira

Só mesmo na América podemos ver isso. Fidel Castro, o ditador moribundo, escreveu um artigo para o jornal comunista Granma nesse último sábado, em que pede a imediata restituição do poder a Manuel Zelaya, o chavista hondurenho. Castro alerta:

Se o Presidente Manuel Zelaya não for reinvestido nas suas funções uma onda de golpes de Estado ameaça varrer muitos governos na América Latina, ou eles estarão à mercê da extrema-direita militar, formada na doutrina de segurança da Escola das Américas, especialista em tortura, guerra psicológica e terror.

Será que eu entendi direito? Castro está preocupado com a possível proliferação de ditaduras na América Latina? Há, há, há... Só mesmo sendo uma piada. Um ditador preocupado com novos ditadores. Sínico, fala em tortura. E os torturados pelo regime cubano que não concordaram com a “revolución”?

Não há nada pior do que a hipocrisia de um ditador.

sábado, 4 de julho de 2009

As incoerências na crise hondurenha

Por Gutierres Siqueira

Todos já sabem que o então presidente Miguel Zalaya foi retirado do seu cargo por desobediência à constituição de Honduras. Zelaya desobedeceu a ordens da Suprema Corte e do Congresso e tentou usar indevidamente as Forças Armadas na tentativa de levantar uma nova Assembleia Constituinte (algo que é taxativamente proibida pelas leis desse país). Mediante a sua expulsão, o mundo todo está criticando o governo interino de Honduras. Agora, nem tudo é simples como parece. Há inúmeras incoerências sobre a crise em Honduras:

A) O nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o governo interino de Honduras, em meio aos mais perversos ditadores que ainda vivem. Que lindo falar em “democracia” na cúpula da União Africana (UA), ao lado do terrorista Muamar Kadafi, do assassino Robert Mugabe e do sanguinário Omar al-Bashir. O simpático ditador Mahmoud Ahmadinejad foi convidado, mas como é “furão de festa” acabou faltando...

B) A OEA (Organização dos Estados Americanos) estuda a expulsão de Honduras e quer a volta de Cuba (Cada uma!). Ontem, inclusive, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, iniciou uma greve de fome na sede da OEA na Venezuela para protestar contra a “instabilidade democrática” vivida naquele país. Será que a OEA nada falará sobre as 240 rádios AM e FM fechadas, nessa semana, pelo semiditador Húgo Chávez?

C) O governo diplomático de Barack Obama falou manso com os abusos e mortes no Irã e agora fala com autoridade diante da situação em Honduras. Não só Obama falou “grosso” com Honduras, mas também a própria ONU. Mas com Irã ninguém tem coragem de falar seriamente! É fácil bater em gato morto!

Hoje, o jornal “O Estado de S. Paulo” publicou um artigo escrito por Octávio Sánchez, ex-assessor do governo hondurenho (2002-2005), onde ele contesta essa história de golpe e diz que a ação militar naquele país está baseada na legalidade e na defesa da constituição.

Torço para que os militares não caiam na tentação de transgredir o “Estado de Direito” e mostrem para o mundo que em Honduras é possível uma democracia sólida!