quarta-feira, 22 de julho de 2009

A irracionalidade tragicômica

Por: Dalton L. C. de Almeida

Como definir um sentimento? Há séculos a ciência, a religião e o senso comum batalham para encontrar respostas que esclareçam a nós humanos por que e para que, a alegria, a raiva e a tristeza, entre tantos outros sentimentos existem. No teatro grego estes viraram máscaras e em nossa sociedade, por vezes, tabus.
O curta metragem Amor! de José Roberto Torero discorre exatamente sobre este sentimento por vezes considerado comum, mas que foi responsável por grandes acontecimentos na história, desde a queda de Tróia, iniciada pelo amor do príncipe Páris por Helena a até o grande sacrifício de Cristo voltado a obter a comunhão e salvação da humanidade.
O amor no curta de Torero, ao contrário da imensa gama de possibilidades de ângulos de abordagem, inclusive os grandes exemplos citados anteriormente, não se foca em um exemplar caso envolvendo personagens conhecidos ou poderosos. Pelo contrário, volta-se as histórias de amor que podem ser consideradas banais, por um grande público em geral esquecido, que a vida fora da ficção pode ser bela, exatamente devido a sua simplicidade, paradoxalmente rica e profunda.
Amor! ao seu modo, busca através da história de vida do casal Apolo e Diana, permeada por rápidas histórias de amor inusitadas, como a de um padre e uma atriz pornô e por definições técnicas do que é este sentimento, por especialistas como cientistas e até uma alcoviteira, mostrar a imensa riqueza e por vezes irracionalidade tragicômica, de um sentimento que a grande maioria das pessoas busca e idealiza.
Arrancando muitos risos ao mesmo tempo em que leva o público a pensar, Amor! agarra os espectadores e os seduz, apresentando-lhes um ângulo diferente do que no geral é considerado um sentimento positivo. E deixando-o com a seguinte pergunta: Será mesmo o amor tão belo? Cabe ao espectador, se conseguir, dinamitar por si, o tabu da “positividade” intocável de tal sentimento. Conseguirá?

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