sexta-feira, 11 de junho de 2010

A crise da imprensa

Por Gutierres Siqueira

O desinteresse pela leitura e a ascensão da internet são os grandes desafios dos jornais impressos neste início de século. Acadêmicos, jornalistas e empresários discutem caminhos e soluções para a nova realidade, já que é preciso disputar espaço com as novas mídias eletrônicas e enfrentar a falta de leitores. Com a queda das tiragens, os jornais encaram a dura realidade de perder receitas em publicidades e o próprio consumo do produto.

O jornal impresso, como qualquer bem cultural, não é possível de ser mantido sem financiamento. A publicidade, as assinaturas e as vendas nas bancas e livrarias são essenciais para os jornais manterem a estrutura com jornalistas espalhados por todo o país e pelas principais nações.

I. A crise dos jornais no Estados Unidos

O ano de 2008 despertou um sinal amarelo com as falências de alguns jornais centenários nos Estados Unidos. O jornal Rocky Mountain News, da cidade de Seattle (Washington) faliu após 150 anos de circulação. O The New York Times está vivendo em constante dívida. O jornal precisou vender parte do seu luxuoso prédio para quitar algumas pendências. Além disso, foi necessário pegar dinheiro emprestado com o homem mais rico do mundo, o mexicano Carlos Slim, dono da Embratel no Brasil.

Reportagem do jornalista André Petry resume bem a crise dos jornais nos Estados Unidos:

O Cincinnati Post de 1881, fechou. O Philadelphia Inquirer, um dos vinte maiores jornais do país, com 180 anos de circulação, pediu concordata. A Tribune Company, que publica títulos como Los Angeles Times e Chicago Tribune, também pediu concordata. O histórico San Francisco Chronicle está à beira da morte. Se ele fechar, São Francisco será a primeira grande cidade americana a não ter um jornal local. O Seattle Post-Intelligencer, cujos repórteres eram confundidos no exterior com "agentes da CIA" devido ao "intelligencer" no nome do jornal, fechou sua versão impressa e agora só existe on-line. O Christian Science Monitor também encerrou sua operação em papel. Em San Diego, o San Diego Union-Tribune luta para sobreviver num ambiente inóspito: a cidade já conta com dois jornais virtuais e um deles, Voice of San Diego, não tem fins lucrativos. Vive de doações. O Boston Globe, do mesmo grupo do Times, está no abismo. Ou corta 20 milhões de despesas ou será vendido. Ou fechado. [1]

O único grande jornal americano que apresentou crescimento em 2009 foi o Wall Street Journal, com um aumento de 0,61%. Hoje, o Wall Street Journal pertence ao conglomerado News Corporation de Rupert Murdoch. O empresário Murdoch tem defendido a combrança de parte do conteúdo online dos jornais do grupo. Seguindo a mesma linha, alguns dos principais jornais do mundo aderiu ao modelo de cobrança do conteúdo mais analítico. Financial Times (Inglaterra), The Guardian,

II. Os jornais impressos no Brasil

Em 2009, no ano em que o PIB do Brasil cai 0,2%, a circulação dos jornais pagos caiu 3,46%, segundo estimativas da Associação Nacional de Jornais (ANJ). A Folha de S. Paulo manteve a liderança, de acordo com o Instituto Verificador de Circulação (IVC), com tiragem média de 296 mil exemplares. Entre os principais jornais do país, O Globo ocupa o segundo lugar com 257 mil exemplares. A circulação média de O Estado de S. Paulo no ano passado foi de 213 mil exemplares

CONCLUSÃO

Aos jornais, resta o talvez fundamental: a explicação do fato, a sua interpretação, a sua análise, os seus efeitos. Não se trata de fazer um jornal intelectualizado, para as elites, mas um jornal que, com linguagem acessível, possa com clareza dar ao leitor médio os desdobramentos das notícias. Tradicionalmente, pela extensão de sua cobertura, os jornais sempre informaram mais do que a televisão. Trata-se de radicalizar esta postura.

Ao pegar na manhã seguinte os jornais, os leitores já não querem ser informados dos fatos, porque já o foram na véspera; querem saber que efeitos eles provocam, que análise pode explicá-los, qual a correta interpretação, como se situar diante deles.
Fomos, afinal, treinados durante décadas para dar notícias e não tanto para analisá-las

Outro caminho que garantirá a sobrevivência dos jornais é menos a publicação do que chamo de acontecimentos, fatalmente noticiados mais rapidamente pela mídia eletrônica, e mais a produção de acontecimentos. Explico-me: todo esforço deve ser feito na busca de reportagens especiais, investigativas, que criem fatos, ou melhor, que os revelem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

[1] PETRY, André. Inferno na Torre do Times. Veja. São Paulo, p 90-93. Ed. 2110, 29 de abril de de 2009.

KAMEL, Ali.
Vida longa para os jornais impressos. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE JORNALISTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA, III. Anais. Lisboa, 1997. Observatória da Imprensa: São Paulo, 2005. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/cadernos/do2005b2.htm > Acesso em: 11 abril de 2010.

A globalização e a liberdade de expressão

Por Gutierres Siqueira

O fenômeno chamado globalização tem como uma de suas características a ampliação da informação por meios eletrônicos que surgem mediante a inovação e a competição tecnológica. A necessidade do homem como animal social é comunicar, informar e ser informado. Ao mesmo tempo que o mundo vive uma efervecência de informação, ainda há muitas sociedades que estão sob regimes totalitários.

Quando se estuda a globalização e a liberdade de expressão, logo duas questões surgem: 1) A globalização e a sua consequente inovação tecnológica estão ajudando na consolidação da democracia no mundo? Eis um problema que nasce da reflexão sobre o papel que os templos globais exercem sobre os processos políticos internos de várias nações no mundo. 2) Outra questão importante é se a democracia reclamada pelas sociedades liberais não é mais um processo de hegemonia cultural por parte das grandes empresas de comunicação. Assim pensam aqueles que defendem uma restrição de grandes grupos comunicacionais, pois argumentam que a liberdade de expressão não pode ser confundida com a liberdade das empresas.

A hipótese para a primeira questão é positiva. A globalização, por meio da tecnologia, é um poderoso auxílio na transmissão de informações. Tal processo não é parte de um movimento organizado ou proposto por um líder carismático com um partido forte. A liberdade de expressão é uma reação espontânea que as novas tecnologias permitem. A expressão dos sentimentos mais íntimos é a essência da comunicação digital. Não é à toa que os blogs nasceram como diários virtuais de adolescentes que partilhavam detalhes de suas vidas na web. Depois, os blogs ganharam espaço na divulgação de ideias políticas, econômicas, ideológicas e partidárias.
Levando em conta a segunda questão, a hipótese é de que a liberdade sofre dois tipos de restrição: a humana ou a “natural”. A primeira restrição pode ser chamada de censura, mas a segunda não. Quando alguém não tem um computador com acesso à internet, por exemplo, esse não está sendo censurado. A falta do meio eletrônico (computador pessoal, notebook, netbook ou celular) é um processo “natural”. Vários fatores determinam a não posse do objeto. Já quando alguém é blogueiro e outro intervém em seu acesso à internet, aí sim há uma censura. A censura tem raiz latina e significa “pesar, avaliar e julgar”. Portanto, censurar é uma ação de restringir a liberdade de uma pessoa contra outra pessoa ou de um grupo contra outro grupo. Não poder, por exemplo, construir uma grande emissora por falta de condições financeiras não é censura, como argumentam os defensores da própria censura, tentando justificar os seus atos.


01) Tecnologia, globalização e acesso à informação, dialogando com Thomas Friedman

A inovação tecnológica caminha junto com a globalização. A competição é o motor que move a industria da tecnologia. A tecnologia abre espaço para a comunicação mais ampla e barata. Os modernos meios de comunicação são cada vez mais eficazes contra atos de censura. Portanto, raciocinando assim, a globalização é um facilitador da liberdade de expressão. Assim pensa o escritor, ensaísta e jornalista Thomas Friedman, autor do livro O Mundo é Plano [1], um tratado pró-globalização.

“A globalização não é uma ideologia nem um programa econômico a ser defendido; é, isso sim, uma interpretação daquilo que está acontecendo no mundo”[2], defende Friedman. Portanto, a globalização é um processo de séculos de integração dos povos. O transporte, a comunicação, o comércio e outros fatores têm diminuído a distância entre os povos e suas culturas. Não é por acaso que a democracia avança como um valor nessa era da informação, mesmo em ditaduras fechadas.

No Irã, o uso do Twitter por meio de celulares conectados à internet, por exemplo, permitiu que o todo o mundo soubesse da repreensão política que o regime comandado pelo aiatolá Ali Khamenei e pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad implantaram nas eleições fraudulentas de 2009. Na China, a repreensão do Estado policial aos tibetanos foi repassada em imagens produzidas por telefones celulares. Em Cuba, a blogueira e jornalista Yoani Sánchez manda suas impressões da ilha sob a ditadura castrista, além do incentivo e treinamento de jovens blogueiros.

Todos esses exemplos mostram a tecnologia a serviço da liberdade de expressão. Thomas Friedman comenta:

Aqueles países que possuem boas instituições vão se dar bem em tempos globais, os que não tiverem vão ter um problema sério para resolver. E isso não tem apenas a ver com os altos e baixos da economia. Seu governo é uma espécie de tomada, que liga você ao sistema. Se ele for um bom governo, você estará ligado com segurança. Se for corrupto ou fraco, o trânsito entre seu país e o 'rebanho eletrônico', ou seja, o fluxo de capitais que se move digitalmente pelo mundo, será interrompido, asfixiando sua economia. E isso acontece não apenas porque as ditaduras e a corrupção sejam imorais, mas porque elas são antiprodutivas. Um bom governo tem de ser equipado com uma burocracia eficiente e honesta, bons tribunais, boas instituições regulatórias. As pessoas estão excessivamente preocupadas com o chamado 'abismo digital'. Eu não. Em cinco anos, quem hoje ganha apenas o equivalente a 1 dólar por dia poderá comprar um Palm Pilot (smartphone americano). A democratização tecnológica se encarregará disso. Mas será que daqui a cinco anos teremos a segurança de que, por exemplo, os julgamentos serão justos em Manaus, sem que os juízes brasileiros sejam corrompidos? O que dizer do abismo entre as pessoas? É isso que importa. [3]

Portanto, é possível que a tecnologia possa, diferente do que temido por George Orwell, servir como controle do Estado pelo indivíduo e não para o controle exercido pelo Estado.

02) Liberdade de expressão é necessariamente liberdade de imprensa, dialogando com Isaiah Berlin

Não há sentido em falar que as empresas de comunicação exercem uma ditadura nas democracias. Em primeiro lugar, em um país com instituições estáveis (como Brasil, União Europeia, África do Sul, Japão, Canadá, EUA e outros) é possível que qualquer empresário, com condições financeiras para tal, possa abrir uma empresa de comunicação com uma linha editorial própria. Nenhuma empresa de comunicação, em países estáveis institucionalmente, pode impedir a abertura de outra empresa.

A verdadeira censura não é a impossibilidade física, biológica, econômica ou geográfica de fazer alguma coisa. Censura é ato de pessoa contra pessoa. O filósofo lituano Isaiah Berlin, que foi professor da Universidade de Oxford, argumentava nesse sentido:

Mas o sentido em que isso o torna não livre não é necessariamente mais social ou político do que físico, histórico ou geográfico. Quando a sua falta de liberdade é concebida como caracteristicamente social ou política, o que está implícito é que ele é impedido de conseguir, fazer ou ser algo específico por fatores sociais ou políticos, isto é, pela relação dos outros seres humanos com ele.[4]

Berlin lembra que a censura é restrição de liberdade quando essa é possível de ser exercida. Por exemplo, reclamar que poucas emissoras mantêm repórteres no interior da Amazônia ou no Cazaquistão não pode ser comparado com uma restrição governamental que impede um blogueiro amazonense de denunciar o governo local. O primeiro sofre restrições técnicas e financeiras, o segundo é violentado no seu direito de expressão: "Só reclamo da ausência de liberdade pessoal quando num certo sentido acho que estou sendo impedido de fazer o que quero por outros seres humanos que poderiam, no que diz respeito às leis de natureza material, comportar-se de forma diferente” [5], escreveu Berlin.

03) Exemplo na Venezuela

Hugo Rafael Chávez Frias assumiu a presidência da Venezuela em 02 de fevereiro de 1999, e se mantém até hoje no poder por meio de duas reeleições (2000 e 2006). Eleito democraticamente com amplo apoio dos movimentos sociais e partidos de esquerda venezuelanos, Chávez era o militar que antes tentara um golpe de Estado contra o presidente Carlos Andrés Pérez, em 1992. Até então, a Venezuela era um dos poucos países na América Latina que não tinha sofrido um rompimento da ordem democrática através de um golpe.

Em abril de 1999, Chávez convocou um referendo para chamar uma nova Assembleia Nacional Constituinte. Com uma coligação que conquistou 121 cadeiras das 131 disponíveis, Chávez aprovou a constituição bolivariana. Reeleito e com novos poderes, Chávez acabou com o Senado e instituiu um Parlamento com câmara única. Então apoiado pelo crescente preço do petróleo, Chávez aplicou várias políticas assistencialistas perante a pobre população venezuelana, aumentando sua popularidade.

Em 2002, Chávez radicaliza na sua crença contra a propriedade privada: desapropria latifundiários, estatiza os direitos de pesca e aumenta a cobrança sobre direito da exploração do petróleo. Mediante essas medidas, a Fedecámaras, entidade representante do empresariado, convocou uma greve geral de dois dias em abril daquele ano. Pedro Carmona, presidente da entidade, com apoio de militares, da Igreja Católica e de setores da mídia, anunciou a deposição de Hugo Chávez do poder no dia 12 de abril. As ruas de Caracas foram tomadas de violência, com protestos contra e pró-Chávez, resultando em 13 mortes. Chávez foi mantido preso pelo exército e reassumiu à presidência dois dias depois, com apoio de um grupo de militares.

Dentro desse contexto de instabilidade política e econômica da Venezuela, a principal emissora de TV aberta foi fechada pelo governo do país. A RCTV (Rádio Caracas Televisión) não teve a concessão renovada pelo governo. Chávez atribui à emissora, assim como outros canais importantes, a tentativa de golpe ou contra-golpe de 2002. A RCTV deixou de transmitir o sinal aberto às 23:59 do dia 27 de maio de 2007, no fuso horário local. O encerramento do sinal aberto interrompeu a novela mais assistida do país, assim como programas populares.

3.1) Burlando a censura

A globalização abre passagens para furar o bloqueio da censura. No caso da RCTV, os caminhos para a continuação de sua programação foram a internet e o canal a cabo por meio da RCTV Internacional. A RCTV Internacional Corporation e stá situada em Miami (EUA). A emissora foi fundada em solo norte-americano no ano de 1982. Ainda em 2007, o empresário Marcel Granier, presidente do grupo, negociou com empresas de comunicação no México para transmissão da RCTV a partir daquele país. Neste ano porém, a RCTV Internacional foi proibida de transmitir para a Venezuela via sinal a cabo. Em 24 de janeiro, a Comisión Nacional de Telecomunicaciones (Conatel), determinou o encerramento das transmissões do canal internacional. De acordo com o governo de Caracas, os canal não cumpriu com o determinado que exige a veiculação em pelo menos 30% do conteúdo transmitido da Venezuela. A transmissão continua pelo site http://www.rctv.net/.

Conclusão

A liberdade de imprensa e a liberdade de expressão estão relacionadas entre si, e a tecnologia permite o uso livre da informação sem a restrição externa de alguém ou do Estado. A globalização possibilita o maior fluxo de informação, que é o fato em si, não necessariamente as interpretações e ideologias. Mas mesmo essa liberdade de expressão ajuda na divulgação de ideias e diálogos entre escolas ideológicas. O fechamento da RCTV é claramente um ato de restrição à liberdade. Alegando golpismo, o governo personalista da Venezuela tenta impedir que uma voz contrária possa ser ouvida nas ruas de Caracas.

Referências Bibliográficas:

[1] FRIEDMAN, Thomas. O Mundo é Plano: uma breve história do Século XXI. 2 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p 560.
[2] FRIEDMAN, Thomas. Perceptivas para o Século XXI. Veja. ed. 1681, 27 dez. 2000. Disponível em: <
http://veja.abril.com.br/especiais/perspectivas/p_090.html> Acesso: 06 jun. 2010.
[3] FRIEDMAN, Thomas. Idem.
[4] BERLIN, Isaiah. Ideias Políticas na Era Romântica: Ascensão e influências no pensamento moderno. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p 150.
[5] BERLIN, Isaiah. Idem.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Por que questões locais têm impacto global?

Por Dalton L. C. de Almeida

Não é raro ouvir de “inocentes desinformados” ou de pessoas “sem uma visão de mundo mais ampla” a defesa de que cada país deve fazer o que bem entender. E quando se tem em pauta de discussão países do Oriente Médio, que eles “se resolvam por conta”, “da forma que acharem melhor”, e “ninguém tem nada haver com isso”.

Ouvir tais barbaridades de um “Zé ninguém” que entende tanto de política quanto a ciência de entender os “porquês” das coisas, já é algo incômodo e torna-se ainda mais, quando o "Zé" comanda o Itamaraty.

A política diplomática brasileira, oficiosamente, tem trabalhado sobre o tripé “Relacionamento sem preconceitos”, “não interferência em assuntos internos de outros países” e “respeito à diversidade político-democrática das mais diversas organizações governamentais independentemente de serem democráticas ou humanistas”.

Naturalmente que se tratando de uma diplomacia internacional a serviço de um governo petista, que se alia despudoradamente a terroristas das Farc, via Fórum de São Paulo, ela seria apenas oficiosa, ou em miúdos, só respeitará seus próprios preceitos quando, e se, interessarem na estratégia de manutenção de poder e de propaganda.

Com está lógica, “nosso querido”, Celso Amorim viaja o mundo travando relações amistosas com a escória política do planeta. Ditaduras, pseudo-democracias e pseudo-democracias religiosas.
O caso do Irã é o, atualmente, mais relevante e o exemplar de como a atuação do Brasil foi capaz de retardar um movimento de pressão internacional, neste momento, contra a continuidade do processo de enriquecimento de urânio e do programa nuclear iraniano.

Como era de esperar, o governo brasileiro “pacifista” (lembre-se da quase guerra civil em Honduras instigada por “nós” Tupiniquins) levantou a bandeira internacional da tolerância, do “dar mais tempo e espaço para negociações” e da “livre determinação dos povos”. No caso do povo iraniano, da liberdade de este desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos.
Naturalmente que nenhuma potência mundial dedicaria seu tempo a atrapalhar o desenvolvimento técnico e científico de um país, pelo simples prazer de incomodar. Por esta óbvia questão de bom senso, dá para perceber, que Irã só foi e está sendo pressionado, pois não é digno de confiança. E porque não? Talvez o fato de ser um país comandado por um “presidente” patrocinador do terrorismo, negador do holocausto, defensor do fim de outra nação soberana e eleito por meio de eleições amplamente consideradas fajutas e que nas “horas vagas” reprime o povo com o exército, ajude. Mas nunca se sabe, vai ver os EUA e a Europa não consigam engolir os ternos mal cortados, a barba mal-feita e a cara-de-pau sempre presente.

Voltando aos “Zés”, este digno exemplar da coqueluche do pensamento filosófico brasileiro, por não entender de política, da mesma forma que não entende de mais nada, exceto futebol(que todo brasileiro por definição é entendedor), não compreende que “deixar que eles se resolvam” em tempos de alta tecnologia, significa permitir que doidos como Mahmoud Ahmadinejad, desenvolvam bombas nucleares e ataquem países democráticos e de ótimo IDH como Israel. Motivado por politicagens externas, interesses anti-semitas e demonstração de seu poder aos vizinhos quiçá aos EUA.

O que os “Zés” não imaginam é que uma busca simples na internet e/ou em uma enciclopédia, pode mostrar os impactos de uma só ogiva nuclear a médio e longo prazo.
Na história humana os únicos exemplos de utilização militar de armamento nuclear são Hiroshima e Nagasaki . Mas catástrofes locais podem e em geral se estendem para muito além da área atingida.

Para azar do Zé, se os Iranianos e Israelenses resolverem seus problemas na base de cogumelos atômicos, não fará só mal a eles, fará mal ao próprio Zé, que será exposto à radiação das partículas carregadas pelo vento e, provavelmente, apreciará o escurecimento da atmosfera, advinda da fumaça das explosões e queima de cidades inteiras.

Veja o vídeo a seguir e conheça o que é um pós-ataque nuclear:

Brasil como um provedor de oxigênio mais do que desnecessário

Por Dalton L. C. de Almeida




















Quem já teve a oportunidade de assistir a um filme de ação, provavelmente, já apreciou a cena, clichê, em que um disparo de pistola/revólver atinge um tanque de combustível cheio e este explode. O que a maioria não sabe é que nenhum líquido ou sólido possui a propriedade de pegar fogo, sendo esta uma característica exclusiva dos gases e, apenas, quando estes estão em contato com oxigênio. Desta forma, uma bala só explodiria um tanque se atingisse o gás de combustível e, ainda, criasse alguma fagulha. Nos casos apresentados na maioria dos filmes, o resultado seria um vazamento, nada mais.

Na diplomacia internacional a dinâmica explosiva não funciona de modo diferente. Em uma metáfora livre, sendo o combustível os interesses, a fagulha a oportunidade e o oxigênio as condições, o Brasil, no atual contexto da disputa nuclear envolvendo o Irã, apresenta-se como um imenso suprimento de oxigênio, leia-se tempo, para um tanque repleto da mistura de anti-semitismo, desrespeito à democracia, extremismo religioso e patrocínio a terroristas. E que já tem como potencialmente ativa explosões nucleares locais tem alcance mundial .



segunda-feira, 26 de abril de 2010

“Dinovo, Dinovo, Dinovo” e uma cruzada ideológica

Por Dalton Almeida


Repetida por coloridos personagens, possuidores de antenas, nomes esdrúxulos, vivendo em uma toca cavada num campo verde e com televisões nas amplas barrigas arredondadas, os Teletubbies são um exemplo de como crianças gostam de repetições integrais de programação e uma metáfora muito clara a respeito da cobertura dos atuais acontecimentos envolvendo a Igreja Católica, e que muito além de apenas jornalismo, se tornou uma cruzada ideológica.

Erro de discurso?

Nos últimos meses a Igreja Católica teve sua credibilidade profundamente abalada pelas muitas denúncias de pedofilia envolvendo seus sacerdotes em diversos locais do mundo, em especial na Irlanda, que ostenta atualmente o número de 30 mil casos.

Em tal maremoto de denúncias, o Vaticano tremeu sob a clava da mídia, que fazendo o que é de sua alçada, exigiu algum posicionamento da Cúria Romana.

Em um movimento ousado para os padrões do Vaticano, o papa Bento XVI publicamente enviou uma carta aos bispos Irlandeses, mostrando o quanto os envolvidos em casos de pedofilia haviam feito mal a si, às vítimas, à sociedade e à Igreja. E, claro, pedindo desculpas aos católicos irlandeses e de todo o mundo por tamanha vergonha.

Dentro de suas possibilidades o papa condenou os atos e clamou aos fiéis que orassem e buscassem penitência pelo mal que abalou a credibilidade da Igreja . Ao mesmo tempo, foi claro em deixar a cargo da justiça local de cada país, julgar e condenar os padres por seus crimes, além de divulgar as normas internas (já existentes) de cunho processual para casos de abuso.

Neste contexto o papa, indo contra a lógica de qualquer especialista em marketing, que tomaria o cuidado de blindar e esconder o sumo Pontífice da “frente das câmeras”, tomou como um líder (que é sua função) pessoalmente a decisão de dar respostas aos anseios de seus fiéis e explicar-lhes o óbvio. Que a Igreja, com milhares de membros eclesiais, também tem suas maçãs podres e que está fazendo tudo a seu alcance para remediar uma situação muito mais séria do que a própria Cúria imaginava.

Tendo em vista os limites políticos de Bento XVI, que não conta mais com o poder militar de seus predecessores, e suas obrigações como chefe da Igreja, este fez claramente tudo a seu alcance para remediar a situação.

Mas a mídia, aproveitando-se da polêmica, nega-se a soltar o osso e deu partida a uma cruzada contra o sumo pontífice, novamente levantando à categoria de verdades absolutas e soluções aos problemas atuais, as já batidas críticas e objeções de outras denominações cristãs que são tradicionalmente inconformadas com o fato de não poderem ditar regras em uma igreja que não lhes diz respeito. Assim, a mídia, iniciou abertamente movimentos para incriminar pessoalmente o Papa nos escândalos e de culpar a tradição do celibato eclesial, via sofisma, pelos atos de pedofilia.

Não bastasse,a mídia agora exige de Bento XVI que em todas as suas aparições públicas, independentemente dos objetivos das mesmas, insistentemente fale a respeito do assunto “pedofilia na Igreja”. A ponto de dizer, nas entrelinhas, que o discurso do Papa em suas aparições tradicionais, a palavra de Deus, não é o que “o povo quer ouvir”. E sim que ele tem de falar (o que vende jornal) um pouco mais sobre a pedofilia e, no mínimo, declarar-se pessoalmente responsável, expulsar os pecadores da Igreja (não no sentido de demissão e sim de excomunhão) e quem sabe, para alegria de todos, renunciar.

Um triste caso e um péssimo jornalismo

Obviamente minha crítica a mídia não procura eximir a Igreja das responsabilidades legais e morais dos atos cometidos sobre aqueles sob sua guarda. Apenas busca levantar que a função do Papa não é ser o responsável direto por todos os atos de todos os humanos autodeterminados que respondem a ele. Como ao dono da Pepsi, por exemplo, não seria impingida a responsabilidade se um de seus funcionários cometesse um crime a revelia da instituição, de seu conhecimento e, em especial, de seu consentimento.

Fica claro assim, que a função do Papa não é, antes da sua função natural, por motivos de interesse mercadológico da mídia, falar sobre um assunto que de dentro do alcance de sua influência já está exaurido. A função do papa é falar sobre Deus. E é irônico ver que a mídia tenta e consegue vender, que Deus, nesse caso, é secundário.

Também quero destacar que sofismas baixos, ainda que nas entrelinhas, não fazem o bom jornalismo e sim, apenas, o mal uso da liberdade de imprensa, controlada por aqueles que claramente tem algum interesse e querem ver o papa pessoalmente envolvido. E assim, provavelmente, terem suas ideologias anticristãs, anticatólicas ou anti-papistas alimentadas.

E como fica?

Enquanto isso e enquanto os próprios católicos não perceberem até onde vai o espírito crítico e quando a defesa do mesmo é apenas proselitismo anticatólico mascarado, a mídia continuará a “Dinovo,Dinovo,Dinovo”, repetir a mesma história, mesmos sofismas e misturar tudo em um grande caldeirão que lhe dê audiência, cause repulsa e inflame o ódio, mesmo que no processo manche a honra de milhares de pessoas inocentes, numa ode a “estereotipação” de todo o corpo de uma igreja.
Ao mesmo tempo que com alegre irônia, muitos "braços abertos" estarão prontos a receber na verdade e na fé os desacreditados no catolicismo.

O que é um sofisma?

Sofismas são raciocínios aparentemente válidos, mas inconclusivos. Ou que partem de uma premissa verdadeira/verossímil, mas que são concluídos de uma forma absurda, que aparenta seguir regras lógicas.

Um exemplo:

“O galo canta e o sol nasce. Portanto, se quebrarmos o pescoço do galo o sol não irá nascer”

Hilário, não? O sofisma atribui ao galo o poder de fazer o sol nascer, mediante a observação de dois eventos distintos, o cantar da ave e o “movimento” do astro em nosso céu. Uma óbvia idiotice, mas com um verniz de lógica.

E quais são os sofismas do momento?

Os dois mais “claros” sofismas encontrados nas entrelinhas da maior parte da cobertura jornalística dos escândalos envolvendo padres pedófilos são:

“O papa é o chefe da Igreja, cria regras e todos as obedecem. Portanto, quando um padre abusa de uma criança a culpa é do papa, pois ele é o chefe da igreja e todo padre obedece às regras por ele definidas”

“Padres não podem ter relações sexuais, são celibatários. A pressão do celibato pode levá-los a fazer sexo. Portanto a pedofilia é efeito colateral do celibato”.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Eduardo Giannetti: Há pensamento sério no Brasil?

Vítima farsesca

Editorial do jornal Folha de S. Paulo em 07 de março de 2010

Com tese de que a "mídia" o persegue, PT mantém figurino autoritário e se faz de injustiçado para encobrir falência moral

O TRUQUE é velho, e sua repetição só indica o hábito petista de afetar ares de pureza em meio ao pragmatismo mais inescrupuloso. Em documento oficial, a Executiva Nacional do PT reeditou, quinta-feira, a tese de que há uma "guerra de extermínio" contra o partido. Posteriormente, amenizou os termos. A promover tal "guerra" estariam "amplos setores do empresariado, particularmente a mídia".

Mídia, no jargão corrente, significa todo jornal ou empresa de comunicação que não defenda figuras notórias do partido.

Como, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu, beneficiário de uma contribuição de R$ 620 mil pela assessoria prestada a um grupo com interesse na reativação da Telebrás. Ou como os mensaleiros denunciados por quem era então aliado do governo, o deputado Roberto Jefferson; ou ainda os "aloprados" -termo que o presidente Lula foi o primeiro, aliás, a empregar- da campanha eleitoral de 2006. Como, também, aquele assessor de um deputado petista, que foi preso ao tentar embarcar num avião com cerca de U$ 100 mil dólares na cueca.

Aliás, se noticiar esse sistema de transportar dinheiro sonante fosse sinal de "guerra de extermínio", seria agora o DEM, e não o PT, a principal vítima de uma suposta conspiração.
Mas nem mesmo os sequazes do governador Arruda arriscaram-se a ir tão longe no cinismo. É que a capacidade petista para a mentira tem origens diferentes, e mais antigas, do que a simples charamela lacrimosa dos espertalhões de voo curto.

Pois o PT, no clássico figurino stalinista, sempre pode dar uma interpretação "de classe" às críticas que venha a merecer. Como o partido se julga o representante místico dos "trabalhadores", o financiamento escuso que receba de empreiteiras, as alterações legais casuísticas que promova em favor de uma empresa de telecomunicação, não representarão escândalo jamais.

Ao contrário: aliar-se financeiramente a "setores do empresariado" que vivem à sombra das benesses do governo, e aliar-se politicamente à escória do Legislativo brasileiro, torna-se um sinal de esperteza política na linha dos fins justificam os meios.

Autoabsolvido pelo venerável espírito hegeliano-marxista da História, o petismo pode fazer tudo o que condenava em seus adversários, e apresentar-se ainda assim como detentor das virtudes mais cristalinas.

Quem apontar a farsa será tachado de inimigo dos trabalhadores -e, na tese de uma imaginária "guerra de extermínio", o PT mostra apenas a sua própria tentação totalitária.

Nessa lógica, que não admite críticas, faz-se de perseguido aquele que se apronta para perseguir; faz-se de vítima quem pretende ser algoz; faz-se de democrata o censor, de honesto o corrupto, de inocente o bandido. O PT perdeu a moral que tantas vezes ostentava quando na oposição. Perdeu a moral, mas não perde o autoritarismo, a mendacidade e a arrogância.

terça-feira, 2 de março de 2010

Entrevista com o sociólogo Demétrio Magnoli sobre racismo no Brasil

Série Artigos Interessantes: Ai que tédio, digo eu

Por Luiz Felipe Pondé (Folha de S. Paulo, caderno Ilustrada)

Por que usar roupa de uma pessoa de outro sexo dá direito a alguém de furar a fila?

TOMO REMÉDIO , faço ioga, meditação, o diabo, mas não adianta. O mundo me obriga a me ocupar com coisas "menores" do tipo a política criando novos seres humanos. Temo novos seres humanos porque são monstros com cara de anjos, prefiro velhos e miseráveis viciados. Não confio em pessoas que não se reconhecem viciadas em algo. Detesto por definição toda política que quer "ensinar o Bem".

Ninguém me engana com esse blá-blá-blá de "voto cidadão". Aliás, melhor seria que o voto não fosse uma obrigação legal no Brasil, pois eu teria melhor uso para os feriados do que esta conversa mole ocupa.

Sei que muitos leitores dirão: "Lá vem o colunista de direita de novo, alguém o faça calar a boca!" Ai que tédio, digo eu. Que mania essa de enquadrar a selvagem multiplicidade do mundo em gavetinhas mentais!

Jurei que não iria falar dessa aberração fascista que é a guinada à esquerda do governo e seus subprodutos do tipo "3º Programa Nacional de Direitos Humanos". Sim, fascismo e esquerdismo são chifres da mesma cabra. Muitos leitores e amigos (tenho, sim, uns poucos) me cobraram um artigo sobre as últimas tentativas do PT de refazer a esquerda "moldando" hábitos e costumes. Resisti, rezei, mas não deu.

Mas voltando às "gavetinhas mentais". Recentemente, vimos um show de sarros com relação à possível candidata republicana à Presidência dos EUA, Sarah Palin. "Burra, tapada, caipira!" Lembremos, caros irmãos, que com o Reagan foi a mesma coisa. "Esse ator burro", diziam. E o cara foi de longe o melhor presidente dos EUA nos últimos 40 anos. Botou a casa em ordem depois dos estragos do incompetente "bonzinho" do Jimmy Carter.

Será que os intelectuais e a mídia não aprenderam a lição? Só porque a mulher escreveu uma singela cola na mão em seu discurso em Nashvil-le, caíram de pau em cima dela. Eu achei até sensual (ela é um avião, as feias devem odiá-la) e puro vintage num mundo onde qualquer matuto brega saca um palmtop quando vai dar conferência motivacional por aí.

Outros, piores, ainda a comparam a integrantes da Klu Klux Klan (KKK). Toda vez que alguém discorda do bê-á-bá da esquerda americana, alguém saca esse lero-lero da KKK. Ai que tédio, digo eu.

Mas voltando à nossa própria cozinha. Nada tenho contra essa invenção francesa de direitos humanos. Tão francês quanto o croissant. Mas, me digam: por que alguém deve ter direito de "furar a fila" porque se veste com a roupa do outro sexo?

Acho que se vândalos espancam alguém porque ele usa roupa de mulher quando nasceu homem, devem ser punidos, assim como quem bate em velhinhas e rouba suas compras na feira deve ir em cana. Mas por que um cara deve ganhar algo do Estado só porque usa saias em vez de calças? E essa coisa de criminalizar linguagem e gestos sob suspeita de serem "homofóbicos"? Daqui a pouco, ninguém dará emprego para um gay porque, se for demiti-lo, poderá ser processado por homofobia.

O controle de linguagem e gestos é claramente prática fascista. Assim como a criação de "cidadãos" intocáveis por serem considerados vítimas a priori.

"Democraticamente", o ideário desses caras que foram "revolucionários" e agora tomam uísque às nossas custas vai se impondo à sociedade. Qual opção nós temos, nas próximas eleições obrigatórias, além de variantes da mesma obsessão esquerdinha aguada? Nenhuma.

Reeditam a culpabilidade a priori de quem ficou rico querendo que paguem mais impostos para que tomem mais uísques de graça (em nome do povo). Ai que tédio, digo eu. Por que taxar as grandes fortunas?

Por que atacar quem move a economia punindo-os porque foram mais competentes nesse mundo cão? Eu também tenho inveja dos ricos, mas tomo remédio todo dia para isso, e vou trabalhar.

E o órgão de controle da "comunicação social"? Esse é mesmo o fim da picada. Dizem que é para combater o monopólio, mas suspeito de que seja mesmo para arrebentar quem não aceitar a "carta" fascista deles e "pontuar" negativamente os rebeldes. Puro chavismo açucarado.

Esse negócio de nos obrigar a ver "produções regionais" é um horror. Por que devo aturar programas chatos só porque quem fez se chama "alguma coisa Silva"? TV deve ser regida por competência, seja "fulano Silva", seja "fulano Smith".

E o MST como "gente boazinha" que só quer o nosso bem? Vão tomar a terra dos outros como se fosse evidente que esses "tomadores" são enviados de Jesus.

Ai que tédio, digo eu.

Carlos Alberto Sardenberg- Governo deveria privatizar somente setores que não funcionam