sexta-feira, 12 de junho de 2009

Resenha: A glória e a desgraça de Wilson Simonal

Por Gutierres Siqueira

Entre as décadas de 1960 e 1970 somente havia um cantor em concorrência direta com Roberto Carlos, e o seu nome era Wilson Simonal, o carismático e querido ídolo pop. Wilson Simonal de Castro (1938-2000) nasceu em uma família bem pobre, filho de doméstica e ainda negro, portanto uma raridade na classe artística brasileira daquela época. Fez muito sucesso, sendo que, participou inclusive da delegação brasileira de futebol na Copa do México.

Simonal mistura um ritmo de sucesso: Letras ousadas, roupas coloridas, batidas desconcertantes. Ele dividiu o palco com pessoas como Marília Pera e cantou o épico “The shadows of your smile” como a famosa Sara Vaughan.Era alguém pronto para um estrelado permanente, até que caiu na desgraça.

No auge da ditadura militar, Simonal foi acusado de alcagueta do Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Entre passou a ser visto como uma traíra meio da classe artística. Sob esse estigma, Simonal nunca foi perdoado pelos artistas, que passaram a vê-lo como uma persona no grata. Simonal sempre negou e o episódio ainda não está totalmente esclarecido, porém tal fato acabou com a carreira desse famoso ídolo de décadas passadas, que morreu na pobreza.

Simonal perdeu espaço na televisão, no rádio e nos jornais. O famoso periódico esquerdista Pasquim simplesmente tornou-se um panfleto contra esse ex-ídolo. Simonal que fora apresentador de TV, no final de sua vida se escondia entre a platéia dos shows que ai ver. Esses shows eram dos seus filhos Max de Castro e Simoninha. Simonal não queira prejudicar a imagem deles.

Mário Prata, em uma crônica algumas anos antes de Simonal morrer, conclamava a todos os brasileiros a uma anistia: “Num momento que o Brasil oferece exemplo de democracia e dignidade interna e externamente, é hora de se anistiar o Simonal. Que ele volte com sua voz gostosa e seu jeito de malandro aos palcos do Brasil. Deixemos que ele entre novamente em nossas casas, pela porta da frente. Ou pela gaveta de um CD”.


Essa história é recontada com riqueza de detalhes no documentário Simonal- Ninguém Sabe o Duro que Dei, dirigido por Cláudio Manoel, Mikael Langer e Calvito Leal.


OBS: Esse artigo foi publicado originalmente na Revista IKONE, uma publicação acadêmica para as aulas do 5° semestre de jornalismo.

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