quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pensa rápido!

Por Dalton Almeida
E no meio do caminho havia uma pedra, pouco antes da grande massa estática de água esverdeada. Maria olhou a pedra e a pedra olhou o lago com preocupação. Uma garça não muito longe obteve o almoço e Maria parou mirando a pedra, que agora mirava o lago e com uma maldade digna de uma velha pedra experiente também a garça.
A garça mirou o peixe, piscou, sorriu interiormente e mirou Maria, que mirava algo, que não lhe parecia apetitoso; mirou o peixe novamente, pensou em “Tchau” e deglutiu-o rapidamente.
Já o peixe mirou duas colunas estranhas na água, e quando terminou de formular mental e inocentemente “O que é isso?”, viu-se erguido no “vácuo” atmosférico exterior, que lhe explicou tudo rápida e aterrorizantemente.
Maria pegou a pedra, que já resignada a seu destino, mirava o lago, a garça e Maria de forma sistemática, tentando influenciar a bondosa menina.
Nas mãos de Maria a pedra reluziu uma vez, polida e redonda, e em seguida reluziu mais e mais, sob a fricção de seus delicados dedos.
A garça arrotou, o peixe chegou a seu efêmero novo lar e gritava sem esperanças. A pedra desconfiada viu que seu destino não era o lago, e sim um colorido e rendado bolso. Talvez o retorno a uma elegante estante, concluiu.
A garça viu mais um peixe, que não sabia ela, procurava o desaparecido irmão, atualmente realocado em seu interior, e que já não gritava mais.
Maria berrou alto e fino, a pedra foi exposta a luz do sol violentamente, a garça arregalou os olhos e bateu asas em desespero.
A pedra voava velozmente, como não fazia desde seu imemorial e quente nascimento, o peixe aborrecido fugiu sob intenso rebuliço de algo que não sabia o que era, mas que se retirava da água em velocidade.
E Pedro gritou com um maldoso sorriso de orelha a orelha, enquanto a pedra descrevia uma leve parábola.
- Pensa rápido!



Data: 26/10/2008 – Iniciado aprox. 13:40 p.m. e terminado 14:00 p.m
Local: Parque da Aclimação – São Paulo - SP

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