segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O protecionismo de Barack Obama

Por Gutierres Siqueira

Nações que adotaram o livre comércio tiveram aumentos na renda per capita, na expectativa de vida, na educação, na saúde. A liberdade para o comércio é o caminho para a prosperidade. Tom Palmer, especialista em globalização. Entrevista para Revista Exame.

Obama anda muito preocupado com o setor automobilístico dos Estados Unidos, sendo um demonstrativo de quanto o seu governo será protecionista e de mercado fechado para o umbigo de agricultores e industriais norte-americanos. Isso é muito ruim para o Brasil, pois queira ou não, os EUA são a maior economia do mundo e o parceiro mais expressivo quando falamos de exportação! Outros países ricos, principalmente nesse momento de crise, com aumento do desemprego, também podem tomar medidas protecionistas. Empresários brasileiros, chineses e até tailandeses estão preocupados com o protecionismo de Obama, natural por ser um democrata.
Em entrevista para a agência EFE, Prakit Apisarthanarax, presidente da consultoria financeira Prakit Holdings disse: “Acreditamos que o novo presidente dos Estados Unidos protegerá a indústria própria acima da promoção de novos acordos de livre-comércio, o que afetará negativamente as exportações da Ásia e Tailândia". O porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Qin Gang declarou: "Esperamos que a política de livre comércio continue sendo respeitada. Devemos evitar o protecionismo comercial, que não é bom para nenhuma das partes".
A doutrina protecionista tem como objetivo proteger o mercado interno das importações, dificultando esse tipo de negociação. Todos os países são em algum grau protecionistas, mas a tradição do Partido Democrata tem como meta política o protecionismo. Em 2006, quando os democratas dominaram a Câmara dos Representantes, o Estado de São Paulo em 23 novembro de 2006, lembrou:

O Brasil tem sido um alvo freqüente do protecionismo democrata. Eles não aceitam como legítima a concorrência brasileira, mesmo num setor em que o Brasil é reconhecidamente eficiente, como a agricultura. Sempre há, contra os brasileiros, alegações de dumping, de exploração de mão-de-obra barata e de agressão ao meio ambiente. Com tudo isso, produtos brasileiros continuam sujeitos a barreiras muito altas. A abertura de mercado para o etanol brasileiro é por enquanto uma hipótese remota. Pelos primeiros lances dos democratas, também os industriais, e não só os agricultores, devem preparar-se para novas pressões.

É claro que existem republicanos ligados aos agricultores e industriais interioranos altamente protecionistas, mas isso foge da tradição republicana, que sempre defendeu o livre-comércio. No último dia 15, na reunião do G-20 em Washington, George W. Bush lembrou que “um dos perigos em uma crise como esta é que as pessoas comecem a adotar políticas protecionistas”.
Ironicamente, o Brasil que torceu e vibrou com a vitória de Barack Obama, será prejudicado pela atrasada visão econômica que o novo presidente possui juntamente com seu partido! Os obanistas apresentam um montão de desculpas, dizendo que até McCain seria protecionista (papo furado!!!). Será que agricultores e industriais brasileiros sentirão saudades de Bush?

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